A morte e o camandro

Por influência desta menina, fui ver o Bucket List, com o Jack Nicholson (que, curiosamente, até faz 71 anos hoje) e o Morgan Freeman (que, estranhamente, não faz anos hoje).

É um bom filme. Não é um filme épico ou grandioso, mas é um bom filme, honesto e que dá que pensar. Nomeadamente na morte.

Também, ontem fui ao funeral da mãe de um colega de trabalho. Nada de anormal, a senhora era idosa. E, como todos sabemos, as pessoas idosas, vai e volta, morrem.

Mas, tudo isto pôs-me a pensar um pouco na morte. E, mais do que na morte, naquilo que uma pessoa pensa quando se vê à beira da morte, ou seja, se viveu bem a sua vida. Não é novidade para ninguém a frase:

"Todos os homens morrem, mas nem todos viveram."

(acho q também se aplica às mulheres, mas agora não me apetece investigar)

E, com esta ideia em mente, validei algumas das minhas opções de vida:

Adoro o que faço e estou feliz por não ter aceite algumas propostas que já me fizeram. É certo que poderia ganhar mais dinheiro e ter menos chatices. Mas, que raio, o que iria eu fazer com mais dinheiro? Estoirar em cerveja? Já bebo o suficiente. E o que seria da minha vida sem as chatices que tenho e que não me canso de procurar? Quer dizer, nem é que eu procure chatices, simplesmente não as evito. E ter inimigos é bom, pa enrijar um gajo, para um gajo não relaxar.

Também cada vez ligo menos ao que as pessoas que não interessam pensam de mim, ou a esclarecer mal-entendidos forçados por quem não tem mais o que fazer. Com o que tenho poupado em anti-rugas aumentei em 17% o meu consumo de cerveja (e se 17% vos parece pouco, é porque não têm ideia de quanta cerveja eu já bebia). Boatos sobre mim? Adoro ouvir e até acho piada ajudar a divulgar (especialmente aqueles completamente irrealistas sobre as minhas supostas performances sexuais).

Continuo a fazer o que posso para estar com os meus amigos. Tento almoçar com um amigo (ou mais) todos os dias. Já que tenho q comer fora de casa, que o faça em boa companhia. E consigo ir mantendo o contacto com toda a gente. Nada daquela vida estúpida de passar o dia inteiro stressado com trabalho e sem tempo para mais nada. A hora de almoço é hora de relaxar e pôr a conversa em dia com alguém.

Não descurar a forma física. Não é uma questão estética, nem tanto de saúde. Gosto de jogar basket e jogo sempre que posso. Quando não posso, há sempre tempinho para correr (às vezes aproveitando também para estar com amigos). E quem não gosta de transpirar é cocó.

Conhecer. O mundo e a imaginação dos outros (filmes e livros, bem entendido). Como não posso ficar um ano sem trabalhar para dar a volta ao mundo de mochila às costas, vou conhecendo aos poucos, aproveitando todas as hipóteses de comparticipação que o Sr. Erasmus me dá e o sofá amigo dos conhecidos espalhados pela diáspora (essa bela localidade).

Continuando assim, espero, quando chegar ao leito da morte, não ter arrependimentos nem frustrações, e poder dizer que vivi uma boa vida. Se fosse hoje, seria o que diria.

E era isto que tinha para partilhar. Obrigado por terem vindo.