Futebolidades

A reacção do actual presidente do Boavista ao parecer do Freitas do Amaral acerca da famosa reunião do CJ revela muito do que é esta gente que milita no futebol português.

Por um lado o senhor diz que está a falar de "um parecer que não entende bem o que é". Mas o facto de não entender do que se trata não o impede de falar sobre ele.

Depois, tenta desvalorizar o subscritor do parece, ao afirmar que é alguém que "não caminha em linha recta". Suponho que se refira ao facto de Freitas ter saído do CDS para o governo PS. Seguramente que ele preferiria que o parecer tivesse sido solicitado a alguém que "caminhe em linha recta" e dê sempre razão aos amigos, independentemente do caso em análise. Talvez alguém como o presidente do CJ, que levava decisões preparadas de casa para depois impor nas reuniões.

Depois diz uma coisa linda do género que a questão "será decidida nos tribunais", e que confia que os "juízes portugueses são independentes" e não se vão deixar influenciar pelo parecer. Enfim, é de quem não percebe nada de direito e justiça. Como é óbvio, o caso vai ser analisado nas instâncias competentes. E esta ideia de que o parecer não vai influenciar os juízes revela mais uma vez a forma de pensar do senhor. Um parecer é uma interpretação da lei, não uma influência. Agora, se o Freitas do Amaral é um reputado jurista, é natural que o seu parecer seja bom. Isto não influencia os juízes, mas dá alguma segurança às pessoas da FPF de que os tribunais irão decidir da mesma forma. Não estamos a falar de pareceres dos serviços jurídicos dos interessados que, naturalmente, iriam puxar cada um pelos argumentos mais relevantes para a sua posição, desvalorizando ou ignorando os contrários. Trata-se de um parecer independente, de alguém cuja competência não me parece beliscável e que teve acesso a toda a informação do processo. Sendo assim, não me parece que os tribunais possam decidir de outra forma. Repito, não se trata de influência. Simplesmente, se há um caminho em direcção à verdade e ambos os "caminhantes" (Freitas e o tribunal) são independentes e estão de boa fé, esse caminho terá que os levar ao mesmo destino.