A pedido de várias famílias, venho aqui deixar as minhas impressões sobre o jogo da super-taça, de Sábado.
Considerações primeiras:
- o Sportem foi um justo vencedor
- o Sportem não dominou o Porto, mas foi-lhe superior durante quase todo o jogo
A primeira chave do jogo prende-se com a diferença de solidez entre as 2 equipas. O Sportem apresentou o seu onze-tipo, com 11 jogadores já com experiência de clássicos. O Porto jogou com 4 reforços acabados de chegar, 3 dos quais sem experiência de Portugal.
A 2ª chave do jogo esteve na táctica armada pelo Paulo Bento. Uma das grandes dúvidas da semana antes do jogo prendia-se com os defesas. 80% dos opinadores apostava que o Caneira iria tirar o lugar ao Abel (menos sólido defensivamente). O Paulo Bento surpreendeu ao colocar o Caneira na esquerda. Mas faz todo o sentido. O ponta esquerda do Porto (Rodriguez) é um extremo clássico, que faz do velocidade a sua principal arma. O ponta direita (Lisandro) gosta mais de jogar no meio, é mais posicional e menos ala. A escolha dos laterais foi perfeita (Abel mais rápido, Caneira com rotina de central) para encaixar nos pontas do Porto. Também o meio campo foi muito bem armado. Moutinho a 6 em vez do Miguel Veloso dá mais garantias em termos de marcação e cobertura de espaços (o Bunda Grande ainda falha um pouco em termos defensivos). O Romagnoli, embora seja pouco dado a ajudar a defender, também não fazia falta porque o Porto só joga com 3 no meio campo.
Em termos de apreciações individuais, há que referir em primeiro lugar o senhor Izmailov. Além de evidenciar as lacunas do lateral direito do Porto com a sua técnica e movimentação, construindo imensas jogadas de ataque e criando muito perigo pela esquerda (só é pena ter estado um pouco trapalhão na conclusão de algumas jogadas), este senhor continua a merecer cada cêntimo investido nele pela disponibilidade e disciplina táctica que evidencia. O homem estava em todo o lado e foi importantíssimo na anulação do Lucho. Aliás, na única vez que chegou atrasado à marcação (partilhada com o Moutinho, há que dizer), o Lucho rematou de longe ao poste.
O Rui Patrício também esteve muito bem, excepto com os pés. Mas aí têm que ser os colegas a colaborar com ele. O miúdo que, admito, era para mim o ponto fraco da equipa para este ano, fez-me engolir as palavras. Nem me refiro ao penalty que, embora ele tenha tido muito mérito em defender, nunca é algo que se possa exigir a um keeper. Mas o rapaz esteve sempre cheio de reflexos e muito seguro, sem largar bolas nem mostrar ponta de nervosismo.
O Rochemback veio dar maior consistência e segurança ao meio campo. É um gajo que gosta de ter a bola no pé e a quem é muito difícil roubá-la, que acalma o jogo quando é preciso alguém para segurar e que vira o jogo e dá fluidez nos outros momentos. E, claro, não há guarda-redes que não tenha um ligeiro nó na garganta sempre que ele arranca para um livre.
O resto dos jogadores esteve bem. Mas fico espantado com os louvores que tecem ao Djaló só por ter marcado 2 golos. Há que ver que ele não fez assim muito mais que os golos, que falhou 1 ou 2 que deveria ter resolvido melhor e que até o 2 segundo ia falhado (conseguiu acertar na mão do Helton). Esteve bem, sim senhor, mas daí a dar-lhe nota máxima vai uma grande distância.
E é tudo.